quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Uma Linguagem Diferente

Salve-Salve Malandragem,

Antes de Tudo, Quero desejar a todos um Feliz Ano Novo, cheio de paz, saúde, prosperidade e muito, mas muito samba mesmo.

Falo isso, porque a cada dia que passa, chego mais ainda a conclusão de que não existe nada melhor que o Samba.

Como dizia o Jornalista Roberto M. Moura ( 18/8/1947 - 26/10/2005)

“Não são os sambistas que formam a roda, A roda é que forma os Sambistas.”

Eu particularmente digo que o samba me ensina a viver.

Através do samba, você pode aprender como entrar e sair de qualquer lugar; Aprender como ter um “bom comportamento”; Aprender o que é certo e o que é errado; Enfim, aprender toda a “malandragem” da vida.

O Samba vem do cotidiano da periferia, O samba vem do Morro. Viver lá no Morro é tão singular que até a Linguagem é Diferente.

Alguns grandes sambistas até já retrataram esta particularidade em suas letras.

Hoje vou mostrar isto para você em três sambas que vou postar aqui.

O primeiro é o Samba - Linguagem do Morro, (composto por Padeirinho e Ferreira Santos) e que já foi interpretador por Beth Carvalho, João Nogueira, Jamelão, Chico Buarque dentre outros.

aqui a versão do João Nogueira;



Linguagem do Morro
(Padeirinho / Ferreira Santos)

Tudo lá no morro é diferente
Daquela gente não se pode duvidar
Começando pelo samba quente
Que até um inocente
Sabe o que é sambar
Outro fato muito importante
E também interessante
É a linguagem de lá
Baile lá no morro é fandango
Nome de carro é carango
Discussão é bafafá
Briga de uns e outros
Dizem que é burburim
Velório no morro é gurufim
Erro lá no morro chamam de vacilação
Grupo do cachorro em dinheiro é um cão
Papagaio é rádio

Grinfa é mulher
Nome de otário é Zé Mané (2x)
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O segundo é o Samba – Linguajar do Morro, (composto por Noca da Portela e José da Cruz))

Nesta versão o próprio Noca interpreta o samba no Programa Ensaio;



Linguajar do morro
(Noca e Zé da Cruz)

Eu nasci no morro,
E no morro me criei,
Meu diploma de malandro,
Lá na colina tirei,
O linguajar do morro,
Nele todo estou por dentro,
Pra você bater papo no morro,
E preciso estar atento,

Carro se chama carango,
Otário é fariseu
Relógio chama-se bobo
Fechou quer dizer que fulano morreu
Mulher e tratada de mina
Dedo duro é suja boca
Cumprimento é como é que é
Entendeu quer dizer morô Zé
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E o terceiro é o Samba - A Gíria é Cultura do Povo (composto por Elias Alves Junior, Wagner Chapell) e interpretado por Bezerra da Silva.

Que, aliás, foi o interprete que mais utilizou o dialeto do morro em suas canções, até mesmo – como ele mesmo dizia - porque a maioria das suas gravações são dos “desconhecidos compositores” do morro.



A Gíria é a Cultura do Povo
(Elias Alves Junior, Wagner Chapell)

Toda hora tem gíria no asfalto e no morro
porque ela é a cultura do povo
Pisou na bola conversa fiada malandragem
Mala sem alça é o rodo, tá de sacanagem
Tá trincado é aquilo, se toca vacilão
Tá de bom tamanho, otário fanfarrão
Tremeu na base, coisa ruim não é mole não
Tá boiando de marola, é o terror alemão
Responsa catuca é o bonde, é cerol
Tô na bola corujão vão fechar seu paletó
“Toda hora tem gíria...
Se liga no papo, maluco, é o terror
Bota fé compadre, tá limpo, demorou
Sai voado, sente firmeza, tá tranquilo
Parei contigo, contexto, baranga, é aquilo
Tá ligado na fita, tá sarado
Deu bode, deu mole qualé, vacilou
Tô na área, tá de bob, tá bolado
Babou a parada, mulher de tromba, sujou
“Toda hora tem gíria...
Sangue bom tem conceito, malandro e o cara aí
Vê me erra boiola, boca de sirí
Pagou mico, fala sério, tô te filmando
É ruim hem! O bicho tá pegando
Não tem caô, papo reto, tá pegado
Tá no rango mané, tá aloprado
Caloteiro, carne de pescoço, “vagabau”
Tô legal de você sete-um, gbo, cara de pau
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É isto ai gente Bamba, por hoje é tudo isso.
Curtam o Samba sem moderação. Eu Recomendo.

Salve o Samba, Salve a Linguagem do Morro.

Até a próxima.

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